quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Histórias de um coração que bate: Cartas para maré cheia

"Eu continuo te vendo pelo meu olho mágico. Os dias passam e você continua com aquela serenidade no olho e aquilo que me arrepia a espinha todas as manhãs por aquele vidrinho que te deixa tão engraçado. Tudo bem? Eu sempre ensaio nossos diálogos pelos corredores daqui de casa. Minha vida é um teatro e você é um personagem dela. Você ri, você fica sem graça, você diz tchau, você fala que tá com fome e quer comer alguma coisa gostosa e eu vejo, e escuto, tudo pelo olho mágico que fica na minha porta só para te ver passar.
  Eu quero você pra mim; tanto quero que traço mapas por onde você passa e as possibilidades de você estar ali naquela hora. E até vou... finjo que vou. Eu costumo me esconder atrás do seu sorriso e fingir que eu não existo para passar por desconhecido. É estranho ter alguém curioso sobre você, não é? Acho que isso tudo fica acima da minha capacidade de cuidar. E é sério! meu desespero de pensar que você precisa de algo ou se tá passando por alguma dificuldade. E você mal me conhece; e eu já sei um tanto de você só de te olhar. E se você achar que eu sou chato? E que no fundo eu to escrevendo uma novela clichê? E se eu não conseguir te fazer sorrir?  Eu fico contente em te ver pelo olho mágico e poder desenhar toda a sua vida da forma que você gostaria que fosse. E se isso um dia te fizer sentir vivo, saiba que é importante para alguém; alguém que tem vontade de atravessar aquele pequeno espaço de vidro e te dar um abraço e acrescentar tudo o que falta na tua vida.
   Ei! Não me olha assim. Eu prometo que sou legal! Não se assuste, porque, tudo o que eu faço é para te chamar a atenção. Não que isso seja bom, mas, é muito doce te ver da forma que eu vejo e tão inocente. Eu costumo viajar todas as noites para te ver. Vou em todos os lugares que me lembram você pelo simples fato de te sentir como parte daquilo tudo, e eu te procuro e sempre acabo no olho mágico de novo. Não tenho hora para passar pela sua janela e nem esperança que, naquela hora, você estaria saindo de casa e eu trombaria contigo e começar a falar de algo chamado "destino". Mas tudo bem. Eu espero mais uma lua para poder te ver de novo, ou, continuo com o olho mágico mesmo. E quem sabe, a chuva não te trás pra mim?"
Era noite de lua cheia em meio céu. O menino caminhou um por um longo caminho e carregou essa carta como se fosse parte de sua vida. Todo aquele sentimento absurdo, que para ele não tinha sentido nem nome, estavam contidos ali. Ele se esconde, ele omite, ele só sente . E no vento ele a escreveu e o vento a levou. Eu sei, eu estava ali o tempo todo...

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