segunda-feira, 27 de julho de 2015

Romance pra um

Essa carta é para lembrar que você ainda existe. É para lembrar que aquele único dia não existiu. Talvez, eu tive um delírio depois de alguns shots de tequila.
                Talvez, se toda a “nossa” história fosse contada por você, mudaria alguma coisa no final. E aí eu não precisaria de mais algumas doses de tequila, as paredes deixariam de ser minhas ouvintes e, mais uma vez, eu não precisaria te escrever cartas.
Eu não te culpo. Essa pode ser a minha condição: a busca inalcançável pelo inexistente você. E que belo título para um romance de uma pessoa só!
Isso tudo nunca deveria existir, nunca foi para ser... eu escolhi não ser.  Agora sou eu quem vive esse romance, e acabo esquecendo que, essa dança é para um só.
Não deixe mais rastros, nem finja que foi meu.
Ainda tá guardado todo o ódio e frustração, junto com o seu cabelo, sua voz, sua boca e até as pontas dos dedos. Tá guardado as minhas unhas roídas, os lencinhos de rosto e você.

O que eu estou fazendo é me desligar de você pouco a pouco. E quando não formos mais nada, seremos NÓS de novo.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Contos de um guarda-chuvas: Você Agridoce

Aquela golada de café com mel e limão não desceu bem. O nervosismo e a tensão eram vistas na pele pálida, e essa era a vestimenta daquele dia: branco como nunca foi e tremulo como se fosse frio europeu.
     Não da para ser tudo na vida, mas uma coisa era: cansado! Sempre foi e sempre vai ser.
Era essa a sua história, era isso que passava pela sua cabeça. Aquele café continuava ruim, ou talvez fosse seu estomago que mandava os sinais da ansiedade.
Na amargura do café: suas decepções com gosto do azedo do limão. No doce do café: suas maiores vontades com gosto de mel. E no sabor forte do café expresso: a vontade de passar por tudo isso e existir. No agridoce da vida, "você" em toda sua forma ríspida e salgada de responder, dono da saliva e do olhar mais doce. Falando em olhar, aquela esquina nunca pareceu tão vazia; aquela avenida nunca pareceu tão movimentada; e a vida nunca pareceu tão turbulenta.
     Nunca acreditou que você ia aparecer. Talvez o destino mandaria uma chance, de novo, e você ia aparecer... mas parecia que não podia piorar. Estava calor, o jeans colava no corpo e o cheiro de escritório, junto com as mágoas, estavam ali naquele copo de café. Mas era tudo para impressionar você: o banho tomado, o perfume escolhido, a camisa nova nunca usada, o shampoo com cheiro de cachorro de madame, o bombom, a tremedeira e a palidez. 
     Já se vai! Pegue a bolsa, termine o café, pague a conta, lamente e desista. O destino não é legal mesmo e aquela conversa fiada de "espera que aparece" nunca te convenceu no final das contas.
Adeus! Tchau! Arri verdeci! Aus widersehen! E daquela esquina solitária, vem o agridoce você... mas o copo de café não está mais naquela mesa.