Aquela golada de café com mel e limão não desceu bem. O nervosismo e a
tensão eram vistas na pele pálida, e essa era a vestimenta daquele dia: branco
como nunca foi e tremulo como se fosse frio europeu.
Não da para ser tudo na vida, mas uma coisa era:
cansado! Sempre foi e sempre vai ser.
Era essa a sua história, era isso que passava pela sua cabeça. Aquele
café continuava ruim, ou talvez fosse seu estomago que mandava os sinais da
ansiedade.
Na amargura do café: suas decepções com gosto do azedo do limão. No doce
do café: suas maiores vontades com gosto de mel. E no sabor forte do café
expresso: a vontade de passar por tudo isso e existir. No agridoce da vida,
"você" em toda sua forma ríspida e salgada de responder, dono da
saliva e do olhar mais doce. Falando em olhar, aquela esquina nunca pareceu tão
vazia; aquela avenida nunca pareceu tão movimentada; e a vida nunca pareceu tão
turbulenta.
Nunca acreditou que você ia aparecer. Talvez o
destino mandaria uma chance, de novo, e você ia aparecer... mas parecia que não
podia piorar. Estava calor, o jeans colava no corpo e o cheiro de escritório,
junto com as mágoas, estavam ali naquele copo de café. Mas era tudo para
impressionar você: o banho tomado, o perfume escolhido, a camisa nova nunca
usada, o shampoo com cheiro de cachorro de madame, o bombom, a tremedeira e a
palidez.
Já se vai! Pegue a bolsa, termine o café, pague a
conta, lamente e desista. O destino não é legal mesmo e aquela conversa fiada
de "espera que aparece" nunca te convenceu no final das contas.
Adeus! Tchau! Arri verdeci! Aus widersehen! E daquela esquina solitária,
vem o agridoce você... mas o copo de café não está mais naquela mesa.
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