segunda-feira, 23 de março de 2015

Contos de um guarda-chuvas: Você Agridoce

Aquela golada de café com mel e limão não desceu bem. O nervosismo e a tensão eram vistas na pele pálida, e essa era a vestimenta daquele dia: branco como nunca foi e tremulo como se fosse frio europeu.
     Não da para ser tudo na vida, mas uma coisa era: cansado! Sempre foi e sempre vai ser.
Era essa a sua história, era isso que passava pela sua cabeça. Aquele café continuava ruim, ou talvez fosse seu estomago que mandava os sinais da ansiedade.
Na amargura do café: suas decepções com gosto do azedo do limão. No doce do café: suas maiores vontades com gosto de mel. E no sabor forte do café expresso: a vontade de passar por tudo isso e existir. No agridoce da vida, "você" em toda sua forma ríspida e salgada de responder, dono da saliva e do olhar mais doce. Falando em olhar, aquela esquina nunca pareceu tão vazia; aquela avenida nunca pareceu tão movimentada; e a vida nunca pareceu tão turbulenta.
     Nunca acreditou que você ia aparecer. Talvez o destino mandaria uma chance, de novo, e você ia aparecer... mas parecia que não podia piorar. Estava calor, o jeans colava no corpo e o cheiro de escritório, junto com as mágoas, estavam ali naquele copo de café. Mas era tudo para impressionar você: o banho tomado, o perfume escolhido, a camisa nova nunca usada, o shampoo com cheiro de cachorro de madame, o bombom, a tremedeira e a palidez. 
     Já se vai! Pegue a bolsa, termine o café, pague a conta, lamente e desista. O destino não é legal mesmo e aquela conversa fiada de "espera que aparece" nunca te convenceu no final das contas.
Adeus! Tchau! Arri verdeci! Aus widersehen! E daquela esquina solitária, vem o agridoce você... mas o copo de café não está mais naquela mesa.

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